Na última segunda (dia 02/10), aconteceu um protesto de familiares de vítimas de violência do Estado. O ato aconteceu em frente a sede do Ministério Público, na rua Marechal Câmara, no Centro do Rio de Janeiro. A manifestação foi motivada pela data que seria o aniversário de Guilherme Vilar Bastos, morto pela polícia militar em 2022 aos 19 anos.
Durante o protesto, uma representante do MP saiu para conversar com os familiares. O ouvidor da defensoria pública, Guilherme Pimentel, intercedeu durante as falas em apoio às mães.
Rafaela Vilar Bastos, irmã de Guilherme Vilar falou sobre a falta de resposta e a demora no andamento dos casos.
“Hoje dia 2 de outubro o Guilherme estaria completando 20 anos. Essa data para mim é uma data muito importante porque era aniversário dele e a gente sempre se reunia lá em casa eu, meus irmãos, a filha dele de criação, a gente fazia almoço, fazia um bolo para comemorar o aniversário. Infelizmente hoje não viemos comemorar, mas viemos pedir para o ministério público investigar o caso do Guilherme, para o ministério público dar uma resposta e fazer o seu papel”, desabafou Rafaela
Além disso ela falou também sobre as dificuldades que o morador de favela enfrenta
“Quem mora na favela quando é assassinado por policiais, quando a polícia investiga vai julgar como bandido, como criminoso, como assaltante, como traficante como mil e uma coisas. Para eles nunca a pessoa que foi assassinada na favela nunca é[vista como] uma pessoa correta. Meu irmão não tinha envolvimento nenhum com o tráfico de drogas e eu quero muito que o ministério público investigue para provar a inocência do Guilherme”, Continuou Rafaela.
Outras famílias também cobraram respostas do Ministério Público durante o ato, que têm em comum a origem em favelas do Rio de Janeiro, como: Chapadão, Maré, Cidade de Deus, Jacarezinho e Manguinhos.
Rosilene Ramos da Silva teve o filho, Wallace Ramos da Silva assassinado pela PM em 2005, e o marido, José Henrique da Silva, morto em 2022 também pela polícia militar. Rosilene destaca que além da dor da perda de seus familiares, ela também enfrenta problemas financeiros, pois seu marido era o provedor da casa.
“Hoje eu convivo dentro de casa sozinha, eu e Deus com 14 bichinhos pedindo ajuda sem ter condições tanto psicológica como financeira. O que é um salário mínimo? Nada. Eu também não vou botar meus bichinhos na rua porque nós pegamos da rua e a minha vida é essa agora. Hoje eu vivo de remédios, tomo antidepressivo [remédio] de diabetes, pressão alta tudo isso. Então nós queremos justiça, não só eu como todas as mães.” disse Rosilene.
Vinícius Ribeiro
Jornalista