O CEP (Código de Enereçamento Postal) tem sido uma das dificuldades dos moradores de favelas para encontrarem emprego. É o que revela matéria publicada pelo site Voz das Comunidades.
Como se já não bastasse a crise sanitária que o país enfrenta e o alto índice de desemprego, as pessoas que vivem em favelas ainda encontram uma dificuldade a mais, o preconceito com o local onde moram. Segundo relato de moradores, quando preenchem fichas de emprego e dizem que moram em favelas ou periferias da cidade, passam a ter que esperar uma resposta em casa e, pior, essa resposta nunca chega.
A taxa de desemprego no país já chega a 11,2%, como informa dados do IBGE. E a renda média do trabalhador brasileiro caiu 9,7% em apenas um ano. Além disso, o Brasil voltou ao mapa da fome, e de acordo com a pesquisa da Rede PENSSAN – Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em dezembro de 2020, cerca de 116 milhões de pessoas passaram a viver em insegurança alimentar. Deste número, 43,3 milhões não tem acesso aos alimentos em quantidades suficiente e 19 milhões passam fome.
Com isso, fica evidente a crise decorrente da pandemia do covid-19 e também ao desgoverno. Segundo o IBGE, 8,8 milhões de pessoas perderam seus empregos e 6,3 milhões dessas pessoas eram pretas ou pardas.
Na matéria há relato de moradores que tiveram que morar de favor na casa de parente para conseguir um emprego, e reclamam da dificuldade em terem o CEP reconhecido, não apenas vir com a identificação de “área de risco”, como é classificado por muitas empresas.
Cerca de 8% da população brasileira mora em favelas, esse número corresponde a 17,1 milhões de pessoas, segundo dados da pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com o Data Favela e Central Única das Favelas – CUFA
Além do emprego, o morador também se depara com a dificuldade em ter suas correspondências entregues. Muitas vezes suas cartas e encomendas são entregues nas associações de moradores, ou simplesmente não chegam. “É difícil demais essa realidade que vivemos. Não temos o direito de ter uma correspondência entregue. A justificativa é que moramos em área de risco. Algumas cartas temos que ir buscar na associação, mas encomendas não conseguimos, sempre mandam para o correio mais próximo e temos que buscar lá”, conta Jacinta Neta, moradora do complexo de Manguinhos.
De acordo com os Correios, as entregas domiciliares são feitas conforme normas que regem os serviços postais como condições de segurança e indicação correta do CEP e endereço para entrega do objeto postal. No Rio de Janeiro, algumas comunidades já adotaram a chamada “Correio Comunitário”, como uma saída do morador ter sua correspondência entregue. Essas iniciativas ajudam com que os moradores tenham seus direitos contemplados. “Se não for o morador pelo morador, não teríamos nada. A gente se ajuda a arrumar emprego, a receber uma correspondência. Nós só temos nós mesmos”, conclui a moradora.
Leia a matéria do Voz das Comunidades na íntegra: https://www.vozdascomunidades.com.br/destaques/por-conta-do-cep-moradores-de-favela-relatam-dificuldades-para-conseguir-emprego/
Fonte: Voz das Comunidades