O coletivo Ação Nós por Nós é um projeto social que surgiu em 2016, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, com o objetivo de criar uma rede entre mulheres , preferencialmente negras e pobres . Uma rede de fortalecimento de consciência social, buscando entender como a violência de gênero pode influenciar a vida de mulheres subalternizadas e invisibilidades.
Suas principais ações baseam-se na elaboração de cartilhas informativas entregues de casa em casa , colocadas nas caixas de correio, Foi assim com o grupo que trabalha a Saúde Mental que produziu uma cartilha de prevenção ao suicídio para além do setembro amarelo , promovendo essa pauta para além da população negra e periférica.
Outras ações do coletivo compreendem colação de cartazes em postes pela cidade com a promoção de campanhas diversas, palestras em escolas, instituições de ensino e atividade nas suas redes sociais .O projeto atualmente não tem sede física e muitas das suas atividades se desenvolvem de forma online .
A partir deste coletivo, o modo de ver o mundo foi expandido através do Grupo de Estudos Mulherismo Africana Sankufa constituído a partir de um braço do eixo Educação Antirracista e Gênero da Ação Nós por Nós. Neste grupo são desenvolvidas várias ações como o podcast Mulherismo Africana , os cursos mulheres negras na história , feminilidade, mulheres negras por um olhar mulherismo africana, além do pré – vestibular . O coletivo promove tambem rodas de conversa, palestras e exposição de fotografias, realizadas antes da pandemia. Em 2017, por exemplo, promoveram uma exposição em centros culturais , escolas e outros centros de ensino de Duque de Caxias , apresentando fotos com cerca de 30 mulheres contando suas histórias para que servissem de inspiração para estudantes que não se viam pela mídia.
O coletivo começou com cerca de vinte mulheres, a maioria do Rio de Janeiro e hoje tem militantes em São Paulo, Amazônia e Minas Gerais. Em sua estrutura, o coletivo mantem coordenadoras em três eixos. A fundadora do coletivo Ação Nós por Nós, Roberta Ribeiro, professora de redação no pré-vestibular do projeto, é a líder do coletivo e atua no eixo de Educação Antirracista e Gênero. Além dela, atuam como coordenadoras de área a Ana Carolina Gomes no eixo Carreira e Mercado de Trabalho e Carolina Alves no eixo Educação Sexual (Cartilha Eu me Protejo – Educação Sexual na Infância) e Saúde Mental (Cartilha ANPN – Prevenção ao Suicídio Para Além de Setembro).
Durante a pandemia os impactos foram sentidos pelo projeto porque a maioria das atividades que eram presenciais passaram a ser virtuais. Por meio das redes sociais de cada eixo , posts foram feitos a fim de alcançar mais pessoas . Em meio à isso o curso Pré – vestibular passou a existir neste período de forma online e se consolidou até hoje.
Neste ano em que a política de cotas será revisada, Roberta Ribeiro falou sobre a importância do projeto ser racializado , “a gente sempre bate na tecla do pré-vestibular da Ação Nós por Nós que o nosso real interesse é que os alunos tenham consciência social . A partir disso os nossos alunos vão desenvolvendo uma consciência social , senso crítico histórico e cultural. Isso faz com que algumas coisas sejam possíveis , nossos alunos são instruídos dentro de uma educação antirracista. Nossos professores também são instruídos assim como os alunos , com uma matéria chamada dialogando saberes , uma disciplina que não conta para o vestibular mas acrescenta muito na vivência de todos .
No dialogando saberes a aula é aberta para todos , nela conseguimos colocar algumas aulas e palestras sobre o que é a vida acadêmica , o que é o racismo e quais as consequências da falsa abolição de 1888 , quem foi Anastácia ,o dia da mulher Afro- Latina-Americana e Caribenha. A gente consegue fazer nesta disciplina o que em outras disciplinas não temos como fazer, pelo currículo do Enem ser ocidental, que cobra conteúdos não racializados , mas os nossos alunos têm uma educação racializada .
Por isso costumamos conversar com nossos alunos sobre a importância das cotas por eles serem negros em maioria e oriundos de colégios públicos , dessa forma fazendo jus a cota racial e de rede pública. A gente sabendo da ameaça constante à política de cotas , da ideia errada em torno delas , principalmente das raciais , faz com que sempre mantenhamos os olhos dos nossos alunos abertos ,fazendo com que eles saibam a importância da nossa política de cotas. Acredito que o nosso Pré-vestibular e a Ação Nós por Nós são dois projetos que se fazem essenciais para que mais pessoas tenham consciência da política de cotas raciais” relata a fundadora do Projeto.