Como forma de trazer esclarecimento e conscientização para a população em todo o país, o UNICEF, o Canal Futura e a Childhood Brasil vêm há anos unindo esforços com o objetivo comum de enfrentar a violência contra meninos e meninas, por meio do Projeto Crescer sem Violência. Uma das estratégias deste projeto é a campanha #EmCasaSemViolencia, que será oficialmente lançada neste mês de maio. A campanha de 2024, que aborda os tipos de violências mais praticados contra crianças e adolescentes (física, psicológica, sexual, trabalho infantil e negligência), tem formato primordialmente digital e é composta por cards para redes sociais, um vídeo de 30 segundos, uma cartilha e o clipe da música “Corra!”, feita pelo Palavra Cantada.
Além disso, foram produzidos cartazes para impressão por equipamentos da rede de proteção, localizados em pontos espalhados pelo Brasil. Em sua 4ª edição, a campanha promove a autoproteção de crianças e adolescentes, educando-os sobre os diferentes tipos de violências e ensinando-os sobre como identificá-las e buscar ajuda. Para conhecer as edições anteriores e obter mais dados do projeto é só acessar www.crescersemviolencia.org.br. Uma grande mobilização de personalidades e influencers também está sendo feita para promover o engajamento pela causa e qualquer pessoa pode compartilhar os conteúdos em suas redes sociais.
A campanha do ano passado conquistou o prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. Esse Prêmio é uma homenagem a Neide Castanha, reconhecida defensora dos direitos humanos que dedicou parte de sua vida a lutar contra a violência a que são submetidos crianças e adolescentes no Brasil.
E há muito que ser feito. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 mostrou que 8 em cada 10 vítimas de violência sexual no país tinham menos de 18 anos, com 10,4% do total sendo bebês e crianças com idade entre 0 e 4 anos; 17,7% entre 5 e 9 anos; e 33,2% entre 10 e 13 anos. A residência é o local mais perigoso para meninas e meninos, com 72,2% dos casos ocorrendo em ambiente doméstico e 71,5% das vezes tendo como autor um familiar ou conhecido da vítima. É maior número de registros de estupro e estupro de vulnerável da história, com 74.930 vítimas.
Esses números são estarrecedores, mas os números reais são muito maiores do que mostram os registros sociais. Isso ocorre por uma série de fatores, incluindo a fragilidade dos sistemas de registro e referenciamento de casos, o enfraquecimento do Sistema de Garantia de Direitos e a falta de acesso de vítimas e testemunhas de violência a serviços de qualidade, a subnoticação, e a ainda recorrente normalização e aceitação da violência no país. A partir do conhecimento dos dados revelados pelas pesquisas recentes, torna-se ainda mais relevante a parceria firmada entre o UNICEF, o Canal Futura e a Childhood para que os índices de violência contra crianças e adolescentes não façam mais parte da nossa realidade cotidiana.
Matéria: Yasmim Guedes, assessoria de imprensa Fundação Roberto Marinho.
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