Dia após dia, a temperatura no estado do Rio de Janeiro só aumenta. A cada dia um recorde é batido. Neste final de semana, os termômetros chegaram a marcar 40.3 graus, com sensação térmica de 62,3. O local mais atingido pelo calor excessivo foi Guaratiba, zona oeste.
Os mais atingidos pela crise climática que o mundo enfrenta são sempre os mesmos: os pobres, negros, moradores de favelas e de áreas precarizadas
“Guaratiba registrou altas temperaturas, e a gente não pode tratar isso como natural ou como parte da paisagem carioca. Não há nada de cidade maravilhosa quando uma onda de calor leva dias com temperaturas altíssimas, de grande risco para a saúde e para a vida da população. Especialmente porque, diante dos reflexos das alterações climáticas com calor extremo e tempestades intensas, sofre quem vive em áreas precárias sem planejamento urbano e infraestrutura. E sabemos que a maioria dessas pessoas são pobres e negras.
O racismo ambiental é um fato sobre a realidade tão desigual do Brasil. Quem está na Baixada Fluminense, por exemplo, foi fortemente afetado pelo calor, que muitas vezes vem combinado com a falta d’água e de luz. Assim como, foi também afetada pelas enchentes e deslizamentos nas tempestades de início de ano. Não observamos isso acontecer nas áreas nobres do Rio de Janeiro”, publicou a deputada estadual, Renata Souza em suas redes sociais.
Além disso, há denúncias de que moradores de Duque de Caxias, estão há dias sem água e sem luz:
“Estou recebendo denúncias de falta de energia elétrica e água. Sensação térmica de 60 graus, como as pessoas vão aguentar? Quem consegue viver nesse calor sem água? Inadmissível o que essas pessoas estão passando”, disse Wesley Teixeiras, morador de Caxias e membro da Coalizão negra por Direitos e MNU.
A deputada Renata Souza cobrou também que tenham políticas públicas para garantir a sobrevivência da população
“Precisamos de políticas públicas para garantir que os territórios tenham condições de enfrentar as alterações climáticas. Mas quando a vida e a dignidade humana das pessoas são violadas por eventos climáticos extremos é preciso também repensar o mundo que estamos construindo”, disse.
De acordo com meteorologistas, não há previsão do calor dar uma trégua
“O Rio de Janeiro entrou (na sexta-feira) numa zona de calor que já vinha do sul do Brasil, passou por Mato Grosso, São Paulo, e chegou aqui. Nesta zona, algumas localidades podem ter temperaturas com cinco ou mais graus acima da média”, diz Olivio Bahia, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet.
Veja as maiores sensações térmicas da série histórica do Sistema Alerta Rio (2014 a 2024)
- 62,3 graus – 17/03/2024 (Guaratiba)
- 60,1 graus – 16/03/2024 (Guaratiba)
- 59,7 graus – 18/11/2023 (Guaratiba)
- 59,5 graus – 17/01/2024 (Guaratiba)
- 59,3 graus – 17/11/2023 (Guaratiba)
- 58,5° – 14/11/2023 (Guaratiba)
Renata Dutra
Diretora de Jornalismo