Para marcar o dia Estadual de Combate à covid 19 e seus impactos nas favelas e periferias do Rio de Janeiro, aconteceu hoje (10/02) o “Encontro Nacional do Programa Combate à Covid-19 nas favelas”, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – Alerj, onde a Fiocruz apresentou o resultado de dois anos de atuação do plano de enfrentamento à doença e lançou um mapa territorial das ações executadas no projeto.
O plano, tem como objetivo promover o direito à saúde nas favelas onde vive parte significativa das populações em situação de maior vulnerabilidade no estado, com a missão de apoiar tecnologias sociais para o Sistema Único de Saúde. O Plano foi realizado pela Fiocruz, em parceria com a UFRJ, UERJ, PUC-Rio, Abrasco, SBPC e organizações de favela de todo o estado.
O projeto tem parceria também com a deputada Renata Souza, que é autora da lei de enfrentamento à covid 19 nas favelas. Segundo ela, na pandemia, cerca de 80% das favelas tiveram coletivos que se organizaram para combater à fome, e a lei veio para ser uma política pública para fortalecer o movimento social.
Segundo a ministra da Saúde Nísia Trindade, a prioridade é trabalhar junto com os territórios de favela a melhoria da qualidade e saúde “A agenda do Ministério da Saúde tem sido uma prioridade e já anunciamos um programa de redução de filas para exames e cirurgias. Isso se dá pela retomada do SUS e da retomada de políticas de ações que deveriam ser contínuas. A diretriz principal é para coordenar várias ações já existentes nos territórios de periferias e favelas. É estabelecer políticas públicas com os movimentos sociais, como foi feito aqui no Rio de Janeiro, já que temos situações diversas no Brasil”, disse.
O evento teve como protagonismo a favela quanto a proposição de Política Pública e falou ainda sobre a importância das mídias comunitárias no combate às fake News e ao negacionismo no período pandêmico “É uma data muito importante porque apresenta dados nossos, dados que foram tão violados e que demoraram tanto a ir pro site da prefeitura, e foram os movimentos sociais, foi o ‘nós por nós’ que produziu não só dados como soberania alimentar e um movimento dentro e fora da favela”, disse Ana Santos – Coordenadora do Centro de Integração Serra da Misericórdia do CPX da Penha.
A Fundação Oswaldo Cruz implementou 104 projetos que visava conter os impactos da crise sanitária em áreas vulnerabilizadas. Desses, 54 já receberam financiamento e os outros aguardam o recurso. As áreas de atuação estão divididas nos seguintes eixos: Comunicação e informação, saúde mental, segurança alimentar, educação, Territórios sustentáveis e saudáveis e Trabalho e renda. “Precisamos de uma grande unidade das favelas e periferias para construir a democracia do nosso país. O projeto, além da parceria com a deputada Renata Souza, é um fruto de uma coalizão de movimentos sociais”, concluiu Nísia Trindade.
A chamada pública destinou o maior volume de recursos do Brasil para organizações sociais formais e não formais para atuarem na crise sanitária, ou seja, contou com 17 milhões destinados a organizações da sociedade civil com projetos de vigilância em saúde de base territorial. Richarllis Martins, coordenador do projeto, explicou a importância da favela estar representada em espaços para pensar saúde pública e de qualidade “200 mil pessoas foram beneficiadas. 315 toneladas de alimentos distribuídos para famílias em situação de pobreza extrema. O que estamos falando é de uma política de saúde integral nas favelas. As cabeças pensam, onde os pés pisam. Continuemos pisando nas favelas”, concluiu.
Alguns dados sobre o Plano de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro:
· 75% do público beneficiado diretamente é composto por mulheres
· 80% dos projetos atuam no enfrentamento à fome e ao direito à alimentação
· 200 mil pessoas já foram diretamente beneficiadas, impactando também na redução da vulnerabilidade de suas famílias
· 315 toneladas de alimentos e mais de 45 mil refeições distribuídas para famílias em situação de pobreza extrema ou pobreza.
· 30% dos projetos atuam com parcerias de agricultura familiar e alimentação orgânica.
· 250 mil investidos na construção e manutenção de cozinhas solidárias, ampliando a circulação de recursos e auxiliando na empregabilidade local, com refeições a um custo médio de R$ 4,16