A manhã de sábado, 28/05, começou com protestos no Centro do Rio de Janeiro pela chacina da vila Cruzeiro, no Rio e a morte brutal de Genivaldo de Jesus Santos, no Sergipe.
Organizado pela Coalizão Negra Por Direitos, a manifestação reuniu a presença de políticos e outros coletivos como Unegro, Parem de nos matar, Quilombo Vermelho, Enebrecer, entre outros às 10h da manhã, em frente ao Monumento Zumbi dos Palmares na Avenida Presidente Vargas contra o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos de 38 anos, por asfixia pela Polícia Rodoviária Federal do Sergipe na quarta-feira e pelas Chacinas da Vila Cruzeiro, no início desta semana, a segunda operação mais letal da Polícia do Rio de janeiro. A primeira foi há cerca de um ano, no Jacarezinho.
Wesley Teixeira integrante do Movimenta Caxias e membro da Coalizão Negra Por Direitos contou para o Portal Favelas a importância de estarem presentes no ato. Ele disse que é muito importante denunciar sempre as injustiças e arbitrariedades do pode armado do Estado e por isso estão na manifestação para denunciar e protestar contra a chacina na Vila Cruzeiro em que mais de 20 pessoas foram mortas e o que aconteceu com Genivaldo, em Sergipe.
– Todo este reflexo do racismo no Brasil, nos tira de qualquer expressão de Estado democrático de direitos, enquanto houver racismo não há democracia. Nós precisamos denunciar, isso vai contra a Constituição, contra qualquer lei . Nós estamos aqui como movimento negro fazendo essa denúncia, sabendo que a comoção ainda é seletiva no nosso país, por isso precisamos de todas e todos juntos”.
Derê Gomes, da Faferj tambem comentou que o movimento negro está se organizando para dar um basta ao massacre que vem acontecendo em diversas cidades do país. Para ele, este massacre vem acontecendo há muito tempo, mas aumento muito durante os governos atuais, tanto federal quanto estadual.Temos um chefe de estado que não liga para as pessoas…
Filmado por testemunhas, o assassinato de Genivaldo aconteceu no interior de Sergipe na cidade de Umbaúba e foi presenciado a céu aberto. Ele foi abordado pela Polícia Rodoviária Federal por estar em sua moto, segundo os agentes, sem capacete, o que, aliás, é comum acontecer nas motociatas do presidente da República, tanto ele e quem está na sua garupa raramente usam capacetes e nem por isso são presos e asfixiados.
Genivaldo foi algemado no chão e jogado no porta malas do carro da PRF. Em seguida, iniciou a cena de tortura: as testemunhas estiveram diante de um assassinato em que os agentes da PRF lançaram uma bomba de gás dentro da viatura com Genivaldo totalmente preso sem circulação de ar, o que o levou a morte por asfixia, pois, aquela cela se transformou numa câmara de gás. A vítima não tinha antecedentes e fazia uso de medicamentos controlados, por ser diagnosticado com transtornos mentais. A causa da morte que consta no laudo do IML é por insuficiência respiratória e asfixia mecânica.
Os cinco policiais envolvidos neste episódio dramático são Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento, Adeilton dos Santos Nunes, William De Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas, segundo publicou o UOL. Todos eles sustentam a tese de que a morte ocorreu devido a um possível “mal súbito”.
A Organização Coalizão Negra Por Direitos apresentou na sexta-feira (27), uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) o assassinato de Genivaldo.
A deputada do PSOL do Rio, Talíria Petrone e o ator Paulo Betti tambem falaram para o Portal Favelas
O documento da denúncia apresentado ao MPF cita também a operação do Jacarezinho, em 2021, e a ação policial mais recente na Vila Cruzeiro. “Mais de 50 vidas negras ceifadas pela política de morte do Estado brasileiro”, diz o movimento.
No texto, há o pedido do Movimento Negro Brasileiro, representado pelas 250 organizações da Coalizão Negra Por Direitos, por um posicionamento da CIDH. “Aponta-se que é necessária atenção dos órgãos sobre as violações praticadas pelas instituições de segurança pública (a Polícia Civil, a Polícia Militar, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal), com especial foco às práticas de tortura e assassinato, geradas diretamente pelo racismo institucional.”
No ato realizado na manhã de sábado em frente ao Monumento a Zumbi de Palmares, no centro do Rio, estiveram presentes dezenas de representantes de entidades do movimento negro e de mais entidades da sociedade civil, parlamentares e até artistas.
O deputado Alessandro Molon tambem falou ao Portal Favelas
Neste domingo(30), depois de muita resistência, o governador do Rio de Janeiro anunciou que a partir da próxima semana os policiais usarão câmeras de vídeo presas aos seus uniformes. A medida poderá ajudar a conter os abusos por eles praticados.