Ocupação Psicanalítica RJ

Ocupar pode ser definido no sentido da dominação militar como ato de ocupar territórios  ou de se apoderar de algo. No caso do Ocupação Psicanalítica buscamos ocupar, no sentido dado por Freud, investir com mais libido, mais energia, subvertendo o sentido da dominação para abrir caminhos para o desejo. Assim o Ocupação psicanalítica pretende se ocupar de uma história negada e silenciada, até hoje presente na violência de Estado. Apostamos na palavra como instrumento poderoso de denúncia e de se fazer gente, sendo o Portal Favelas essa aposta na potência de narrar a própria história, o que acontece no cotidiano das favelas.    

O Brasil como vários outros países que surgiram a partir da colonização, usa a invasão como maneira de silenciar pessoas, culturas, histórias e saberes. Apagar histórias e invadir terras nos faz pensar no Brasil dos anos 1500. Mas, infelizmente, esse modo de operar se mantém até hoje, invasões de terras indígenas são amplamente noticiadas, invasões de casas em comunidades pela polícia também. Tratar índio como “vagabundo” e favelado como “ladrão” é tão atual quanto já foi histórico. Pra resistir, pra existir, pra não sumir, ocupar é preciso. Ocupar esses lugares, essas histórias, pra se entender, pra se orgulhar, pra se proteger, pra continuar. O Ocupação Psicanalítica surge para ser mais um aliado nesse processo de permanecer, para mais do que ocupar esse lugar, defendê-lo.

O Ocupação acredita na favela como local de produção de saber e aposta no encontro de autores que questionam o saber centralizado nas universidades e em autores brancos, o que chamamos de um saber decolonial, com os saberes locais dos moradores. Desse encontro entre moradores de favela, indígenas e trabalhadores sem terra e de um saber decolonial produzido nas universidades, há a produção de algo novo, havendo uma circulação e não uma centralização dos saberes, onde aqueles que nunca tiveram espaço na produção de conhecimento ocupam espaços negados no correr da história. 

O Ocupação Psicanalítica do Rio de Janeiro surge a partir da escuta do movimento negro e de favela, do movimento indígena e do movimento de luta pela terra, escuta que se produz devido a violência de Estado contra negros, pobres e indígenas. A origem dessa violência nasce na colonização e escravização empreendida no nosso país pelos europeus, se perpetua na imposição heteronormativa da branquitude, havendo a proposta de uma saída em conjunto dessa posição de colonizados e escravizados, sem voz, sem direito à própria vida e ao seu corpo. O papel do Ocupação Psicanalítica é de apoio, essa saída é organizada por aqueles que sofrem diariamente com a invasão da polícia em suas casas, fazendo acontecer no Portal Favelas uma mídia popular através de matérias escritas, lives, vídeos e expressões culturais com o objetivo de proteção da população periférica na produção de vídeos que denunciam ações policiais de desrespeito aos seus direitos. 

Esse Coletivo é formado por psicanalistas e alunos de graduação dos cursos de Psicologia e Comunicação que integra atividades teóricas e de pesquisa pelo viés da intervisão onde conta com a participação de outras áreas de conhecimentos que apostam na construção de saberes descentralizados e conta, também, com supervisões quinzenais. Ainda, desenvolve um trabalho com escrevivências coletivas que visa extrair do trabalho de conversação uma metodologia em psicanálise de intervenção junto aos movimentos sociais que inclui a apropriação das Mídias Digitais, em parceria com o Portal Favelas. Dessa forma, o trabalho em conjunto do Portal e da Ocupação se caracteriza pela presença do psicanalista na escrita de testemunhos compartilhados acerca dos horrores da necropolítica e soluções inventadas em comunidade.

Além da Escrevivência, uma metodologia em desenvolvimento inspirada em Conceição Evaristo, que se caracteriza pelo protagonismo de mulheres negras que rompem o silenciamento histórico colonial, sexista e racista brasileiros, se trabalha a dimensão da clínica que funciona através de atendimentos psicanalíticos antirracistas realizados nos quatro Estados com suas respectivas supervisões, plurivisões e intervisões. Os encaminhamentos são recebidos e acolhidos a partir do adoecimento em razão da violência de Estado, do sofrimento racial e da luta pela terra. Através dos relatos clínicos dos próprios psicanalistas do Ocupação surgem questões e saberes que nos direcionam para construção revolucionária de um novo saber teórico fundamentado a partir da Psicanálise clássica com ênfase em constituir uma Psicanálise antirracista e decolonial. 

 

Coordenadora:

Mariana Mollica da Costa Ribeiro 

Profa Dra.  colaboradora do Programa de Pós Graduação em Teoria Psicanalítica – IP/ UFRJ. Pós doutoranda Sênior da FAPERJ. Coordenadora do projeto de pesquisa e extensão Ocupação Psicanalítica Rio.

 

Integrantes: 

Allan Coutinho                            

Anna Paula 

Kleber Rocha 

Natasha Helsinger

Lucas Correia da Silva

Yan Ribeiro

Leila Silva Lemes 

Paulo Vitor Gama

Vitória Natália

Gisele da Hora 

Bruno Emanuel 

Vilma Dias

Paulina Rosa 

Rafaela Leocadio

 

OCUPAÇÃO PSICANALÍTICA RJ

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