As armas de gel, também conhecidas como pistolas de gel, vem ganhando popularidade cada vez mais entre crianças, adolescentes e jovens influencers. Esses dispositivos dispararam pequenas bolinhas de gel, que se estilhaçam ao atingir o alvo, mas a realidade é que, apesar de parecerem inofensivos, podem trazer riscos significativos à saúde e segurança dos jovens. O uso crescente dessas armas tem gerado preocupações entre pais, educadores e especialistas, que alertam para os perigos da exposição precoce à violência e aos acidentes relacionados ao mau uso desses brinquedos.
Segundo Marcelo Monteiro, do Inmetro, um brinquedo, para que possa ser definido como tal e ser liberado para crianças, passa por diversos testes de segurança. “Deve ter algumas características no objeto para demonstrar que não é uma arma de verdade ou um simulacro. Um deles é a ponta laranja, indicando que não é uma arma. Só que o das armas de gel é destacável. O projétil dessa arma sai em uma velocidade muito maior do que a norma estabelece”, ele reforça. Na última semana um menino de nove anos sofreu uma lesão no olho depois de ser atingido por um disparo de bolinha de gel. Kauê participava de uma batalha de armas de gel na rua com os amigos, quando o olho direito dele foi atingido pela bolinha de gel. Ele teve que passar por uma cirurgia para não perder a visão.
Foi feita uma notificação da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro alertando mães e pais para orientarem seus filhos a não adquirirem o brinquedo. Em vídeo circulado nas redes sociais, um PM dá sermão em jovens que brincavam com armas de gel, em Volta Redonda. Na mesma cidade, 106 armas de brinquedo foram apreendidas por agentes do Segurança Presente nesse fim de semana.
Na Alerj, no fim de novembro, foi aprovada uma emenda (da deputada Tia Ju) de um projeto da deputada estadual Marta Rocha (anunciada por Eduardo Paes como a nova secretária de Assistência Social, nesta segunda, 16/12), criado em 1995, que proíbe a fabricação, venda, comercialização, transporte e distribuição de brinquedo, réplicas ou simulacros de armas de fogo, mas agora incluindo as “gel blasters” no artigo. “Essa moda ainda está incitando o uso de armas e o comportamento de violência. A segurança pública tem que ter olhar mais atento para o que está acontecendo”, diz Martha.
Nas periferias o brinquedo também gera preocupação. Lideranças populares tem procurado formas de conscientizar os moradores do risco do brinquedo, “ trabalho com jovens em através do reforço escolar, tenho alertado sobre os riscos jovens que gostam de participar destes mutirões de equipes com essas armas de brinquedo. Os ricos de atos arbitrários são grandes, ainda mais para quem é morador de favela. Não podemos esquecer que já confundiram um homem que estava trabalhando com uma furadeira no telhado, com um traficante, um guarda-chuva com uma arma e por aí vai. Não pode chegar ao ponto que uma criança possa ser confundida”, concluiu a moradora Tereza Cristina da Vila Cruzeiro.
Pedro Vinícius Lobo
Jornalista