Anielle é aplaudida de pé após palestra na UFRJ

O evento foi uma realização do programa de pós-graduação EICOS – UFRJ e os programas de pós-graduação em psicologia e teoria psicanalítica. A atividade teve transmissão exclusiva do Portal Favelas, e o público pôde acompanhar a aula através do Instagram e do Youtube.

O Coordenador do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFRJ, professor João, falou sobre a importância da vinda da ministra a uma universidade pública para debater a lei de cotas “É muito importante essa marcação histórica e ao mesmo tempo é mais um momento de luta e afirmação de direitos contra as práticas racistas, discriminatórias e a universidade pública só pode se legitimar se ela tiver de fato conectada com as demandas do campo social que sejam em promoção de justiça e igualdade social. O combate ao racismo é uma das principais dimensões dessas exclusões e a gente só pode legitimar qualquer instituição pública e de ensino, especialmente, se elas estiverem pautadas para o atendimento dessa demanda. É um momento muito significativo, e ajuda a luta a se amplificar”, disse.

Já a Ministra, contou sobre sua história na luta política e disse que a lei de cotas é a maior política reparatória do país e precisa permanecer. Expressou também a necessidade de ampliar a lei e promover debates. Além disso, falou sobre a importância do pagamento das bolsas aos estudantes “Por que tem tanta evasão nas escolas? Por que não tem como se manter. Não tem uma bolsa permanência decente para os alunos. Ou você, trabalha ou você estuda. Eu me lembro perfeitamente de que a única coisa que me manteve na UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, foram aqueles R$ 300. Eu me lembro da importância que era ter entrado por cotas”, contou.

O discurso emocionou muitos alunos que estavam presentes, Anielle falou olhando diretamente para os estudantes negros. “Não importa se vocês se depararem com professor racista. O conhecimento de vocês ninguém tira. Ninguém sabe o que é pegar dois ônibus e um trem, mas vocês sabem. Quando a gente fala de Lei de Cotas, sabe porque muitas dessas leis não foram aplicadas como deveriam? Por conta do racismo. A gente precisa ter docentes preparados para lidar com estudantes negros. Eles precisam ter empatia”, afirmou.

Anielle também falou ao Portal Favelas a importância das mídias comunitárias “A importância é enorme, muitas vezes a gente sabe o que está acontecendo nas favelas, comunidades e periferias através da mídia independente, então é importante acompanhar e fortalecer ”, disse.

“É inadmissível que em 2023 a gente ainda ter professor racista, ainda ter professor que chega numa sala de aula e não entende o que é ser um aluno que vem lá de longe para estudar. A gente sabe o que é porque a gente passa por isso”, enfatizou.