Na tarde desta terça-feira (02), a aldeia Maracanã sofreu mais uma onda de ameaças e ataques, a mesma vem sofrendo há um tempo com a ordem de despejo e desocupação do local. A decisão do despejo é do Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio da PL 3769/2024. Aldeia Maracanã foi sede do Serviço de Proteção Indígena e do Museu do Índio até os anos 1970, e desde 2006, o imóvel foi ocupado pelos indígenas, após décadas de abandono.
A PL 3769/2024 da União Brasil visa a demolição das construções e a reurbanização do local e buscam reintegrar o terreno ao estado, promovendo uma limpeza e desinfecção da área, no entanto, pode resultar na remoção das comunidades indígenas que atualmente ocupam o espaço.
De acordo com os indígenas, hoje a aldeia sofreu mais uma ameaça vinda do deputado estadual Rodrigo Amorim. Os indígenas foram surpreendidos com a chegada de dois carros pretos, com vidros escuros e com seguranças armados, que ameaçaram um companheiro de morte.
Não é a primeira vez que o deputado tem atitudes de ódio, em 2019 foi ele quem destruiu a placa em homenagem a Marielle Franco, e declarou que a Aldeia Maracanã é um lixo urbano, ele defendeu também que a área seja utilizada com atividades que visem lucro.
O prédio onde a aldeia está localizada é tombado pelo estado e seus habitantes pedem o reconhecimento da Universidade Indígena Pluriétnica na comunidade.
No dia 12 de junho, a aldeia recebeu um Mandado de Imissão que ordena a retirada da aldeia no prazo de 30 dias, o governo do estado afirma que o espaço é ocupado irregularmente e que aguarda o prazo determinado pela Justiça para tomar as providências cabíveis para a reintegração do imóvel.
A disputa pela Aldeia Maracanã levanta questões importantes sobre direitos indígenas, preservação cultural e a política de urbanização. O confronto entre os interesses do governo e a luta dos indígenas pelo reconhecimento e permanência no local destaca a necessidade de um diálogo inclusivo e soluções que respeitem os direitos dos povos originários.
A ocupação da Aldeia Maracanã pelos povos originários é importante por várias razões históricas, culturais, políticas e sociais, são elas: Preservação da História e Cultura; Reivindicação de Direitos; Resistência e Visibilidade; Educação e Conscientização; Fortalecimento da Identidade Indígena; Preservação Ambiental.
Ocupar a Aldeia Maracanã é um ato de resistência contra a marginalização histórica dos povos indígenas no Brasil, além disso, a presença dos povos originários na Aldeia oferece uma oportunidade para a educação e a conscientização da sociedade sobre a diversidade e a riqueza das culturas indígenas.
Povos Indígenas e a Preservação Ambiental
Os povos indígenas são conhecidos por suas práticas sustentáveis de uso da terra e conservação ambiental. A ocupação da Aldeia Maracanã pode ser um exemplo prático de como a integração de conhecimentos tradicionais pode contribuir para a sustentabilidade e proteção do meio ambiente.
A ocupação da Aldeia Maracanã é, portanto, uma luta pela valorização dos povos originários, pela justiça social e pela preservação de um patrimônio cultural que é de todos os brasileiros, e representa a luta dos povos indígenas por seus direitos, incluindo o direito à terra, à autodeterminação e à preservação de suas culturas e tradições. Este movimento destaca a importância de respeitar e garantir os direitos indígenas conforme a Constituição Federal de 1988.
Veja o texto publicado nas Redes Sociais da Aldeia Maracanã:
Se contarmos, ninguém acredita…
Que desde os anos 2000, nós indígenas da Aldeia Marakanà, lutamos incansavelmente pela defesa do nosso território sagrado.
O que muita gente também não sabe é que diariamente implementamos atividades nesta terra sagrada.
Recebemos escolas, universidades e pessoas comuns que se interessam em conhecer a Aldeia. Já faz anos que acontece, nesse espaço, a Universidade Indígena, com professores e gestão também indígena. Algo raro em um país fruto de colonização e violências contra os povos originários.
Infelizmente, para o Estado, para as empresa$ e para a especulação imobiliária, nada disso importa.
Essa semana recebemos uma intimação do processo que tramita na Justiça Federal, em cumprimento de sentença de uma ação de imissão na posse que o Estado do Rio de
Janeiro move contra nós, e a qualquer momento todo o aparato coercitivo do Estado pode aparecer na Aldeia para nos tirar à força.
Nossa história é de luta e suor. Nosso lema é resistir.
Aldeia rexiste! A Universidade Indígena fica e nós povos originários também.
Leia na íntegra: https://www.instagram.com/p/C8PbPTGJtxi/
Renata Dutra
Diretora de Jornalismo