Nesta segunda-feira (21) é comemorado o Dia Internacional contra a Discriminação Racial. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas – ONU, em 1996, em forma de homenagem ao “Massacre de Shaperville”, que aconteceu em 21 de março de 1960.
O dia de combate ao racismo foi escolhido em memória às cerca de 20 mil pessoas que morreram quando protestavam contra a “Lei da Posse”, na África do Sul. Esta lei dos “brancos”, obrigava os negros a andarem com identificações que limitavam os locais por onde poderiam circular dentro da cidade.
A partir de então, a ONU instituiu o 21 de março como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. No Brasil, a Constituição de 1988 incluiu o crime de racismo como inafiançável e imprescritível, e mesmo assim, é um país onde a população negra é a mais atingida pela violência, como afirma a ONU.
De acordo com dados do IBGE divulgados em 2018, cerca de 56% da população brasileira se declara preta ou parda, mas em contrapartida, os números do mercado de trabalho apontam que 68,6% dos cargos são ocupados por brancos e apenas 29,9% por negros.
Além disso, uma pesquisa realizada em 2019 chamada ‘Violência Armada e Racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial”, do Instituto Sou da Paz, aponta que dos 30 mil assassinatos por arma de fogo em 2019, cerca de 78% eram negros.
O estudo realizado com base em dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde, ainda revela que 75% dos homens negros são atingidos por arma de fogo, ou seja, é a população mais atingida do país.
Quando analisamos as mortes por arma de fogo, a região mais atingida é a região nordeste, onde 30,1 % dos mortos eram negros.
Como se já não bastassem esses números alarmantes para provar o racismo existente no Brasil, ainda nos deparamos com outra realidade, a população negra é a que mais sofre com o desemprego. Os negros representam 72,9% dos desempregados, de um total de 13,9 milhões de pessoas nessa mesma situação, como revelam dados do IBGE. De acordo com o levantamento, 11,9% das pessoas sem emprego são pretos e 50,1% pardos.
“Temos uma questão primordial no Brasil para o alto desemprego negro que não podemos justificar com a pandemia: o racismo estrutural, que veio desde o Brasil Colônia e da República”, afirma Edilene Machado, pós-doutora em relações étnicas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e doutora em sociologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).
A ONU, em sua rede social, iniciou hoje a campanha “Histórias sobre o racismo”. Diariamente vão compartilhar relatos tocantes de pessoas que sofreram algum tipo de preconceito. A campanha vai até dia 25 de março, Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos. Confira a campanha no Instagram: @ONUBrasil
“Racismo, intolerância e discriminação rasgam o tecido de nossas sociedades e afetam todos nós. No entanto, o ódio e o estigma afetam particularmente as comunidades vulneráveis e minam seus direitos. Todos nós podemos fazer a nossa parte para combater o racismo. O que você tem feito?”, publicou a ONU Brasil em seu Instagram.