No último dia 27 de julho, a Região Oceânica de Niterói recebeu o VIII Seminário de Educação Popular, organizado pelo Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ). O evento foi realizado no CIEP 448 Ruy Frazão, no bairro Engenho do Mato, e reuniu educadores, estudantes e ativistas para discutir temas relevantes sobre o acesso à educação superior, com destaque para o tema central “O Fim do Vestibular”.
Lourrane Cardoso, Educadora Popular e militante do FPVP-RJ, destacou a importância dos pré-vestibulares populares na promoção do acesso de estudantes da periferia às universidades. Segundo Lourrane, apesar do papel fundamental dessas iniciativas, o objetivo final sempre foi a abolição do vestibular como critério de seleção, visto que este sistema atua como um mecanismo de exclusão social.
“O vestibular é um funil que impede o acesso universal à educação superior, um direito que deveria ser garantido a todos os cidadãos em uma sociedade democrática”, afirmou.
Lourrane também ressaltou que, no contexto atual, o vestibular perpetua desigualdades, especialmente contra estudantes de escolas públicas e moradores de áreas periféricas.
“Defendemos o acesso irrestrito e gratuito às universidades públicas para todos os que desejam uma educação superior”, concluiu.
O evento contou com uma programação diversificada, incluindo uma mesa principal de debates, rodas de conversa, oficinas formativas e um sarau cultural. Organizado em parceria com o Pré-Vestibular do Salgueiro e o Projeto BEM (Biblioteca Engenho do Mato), o seminário proporcionou um espaço para discussão, reflexão e planejamento das estratégias de luta dos pré-vestibulares populares no campo da educação popular.
O Seminário de Educação Popular é uma iniciativa do FPVP-RJ, com o apoio do projeto Tecendo Diálogos e Produzindo Conhecimento: Juventude, Favela, Promoção da Saúde e Ensino Superior e da Cooperação Social da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e é parte dos esforços contínuos para promover a saúde e a educação em territórios socioambientalmente vulneráveis na capital e na região metropolitana do Rio de Janeiro, em colaboração com movimentos sociais que atuam na área da educação popular.
Entenda o tema:
Debater o fim do vestibular é importante por várias razões, especialmente no contexto da busca por uma educação mais justa e inclusiva. O vestibular, como principal meio de ingresso nas universidades, muitas vezes favorece estudantes de contextos socioeconômicos mais privilegiados, que têm acesso a melhores escolas, cursos preparatórios e recursos educativos. Isso cria uma barreira significativa para estudantes de escolas públicas e de áreas periféricas, perpetuando a desigualdade social.
“Falar sobre o Fim do Vestibular, mais que uma utopia, é um horizonte para a nossa luta, tendo em vista que o vestibular é um processo cruel e de adoecimento mental da nossa juventude. A gente sempre costuma falar em sala de aula que o vestibular existe para poder justamente excluir os nossos alunos dos espaços das Universidades, então, em um espaço como o Seminário de Educação Popular, a gente debater a necessidade do Fim do Vestibular, é fundamental para que essa juventude e os nossos educandes, reflitam que a gente está resistindo nesse momento porque temos muita necessidade”, disse Lourrane.
O sistema de vestibular é um mecanismo de exclusão, que seleciona um número limitado de estudantes com base em desempenho em provas. Isso ignora o potencial de muitos jovens que, por diversas razões, podem não se sair bem em um exame padronizado. Fatores como condições socioeconômicas, acesso desigual a recursos educacionais, e questões de saúde mental ou emocional podem influenciar negativamente o desempenho dos candidatos em um único dia de prova.
Além disso, o foco exclusivo no desempenho em provas ignora outras formas de habilidades e competências, como criatividade, liderança, habilidades sociais, e experiências de vida, que também são importantes para o sucesso acadêmico e profissional. Portanto, debater o fim do vestibular envolve considerar formas alternativas de avaliação e acesso à educação superior, que sejam mais inclusivas e capazes de captar o potencial completo dos estudantes.
Conheça o Fórum de Prés-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro
O Fórum de Pré-vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ) é uma frente de educação popular que começou a ser germinada no ano de 2017, através do Primeiro Seminário de Educação Popular de Pré-vestibulares Comunitários ocorrido no Museu da Maré, e se oficializou em 2018 no II Seminário de Educação Popular realizado junto ao Núcleo de Educação de Jovens e Adultos da PUC Rio (NEAd).
Trata-se de uma frente de educação composta por pré-vestibulares sociais, comunitários e populares bastante diversos e diferentes entre si, mas que visam o acesso ao Ensino Superior da juventude periférica e favelada, além da transformação da sociedade com foco na justiça social. A partir do segundo semestre de 2020 o FPVP-RJ passou a contar com o apoio direto do projeto Tecendo Diálogos e produzindo conhecimento: juventude, favela, promoção da saúde e educação superior, da Cooperação Social da Fiocruz, que aposta na organização e na iniciativa dos trabalhos realizados por pré-vestibulares localizados em território socioambientalmente vulnerabilizados na região metropolitana do Rio de Janeiro. A chegada do Tecendo Diálogos ao Fórum de Prés marca um salto qualitativo de organização e articulação política com os prés que compõem essa frente de educação popular.
Acesse: https://www.instagram.com/fpvprj/
Fonte: Comunicação do Projeto Tecendo Diálogos e Produzindo Conhecimento: Juventude, Favela, Promoção da Saúde e Ensino Superior
Renata Dutra
Diretora de Jornalismo