No dia 29/04 a Deputada e Presidente da Comissão de Segurança Alimentar da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) Marina do MST, junto de lideranças comunitárias do Complexo do Alemão, realizaram uma visita técnica a cinco projetos sociais do território. Visando fazer uma agenda positiva que demonstre as formas de organização popular para o combate à fome e, com isso, avançar no fortalecimento das mesmas.
O processo de fortalecimento das hortas abrange vários impactos possíveis na comunidade, como foi debatido na visita técnica por lideranças, além de debater sobre geração de trabalho nestas hortas, emprego e renda para jovens em situação de medida socioeducativa e regresso do sistema penitenciário, assim como a produção de comida saudável.
Junto de sua comitiva, a deputada falou da importância do uso de seu mandato como um instrumento de buscar articulação dessas demandas, “fortalecer órgãos competentes para isso, tanto no Município, como no Estado e nas políticas federais, para que a gente garanta que chegue política federal com hoje proposta da agricultura, também aqui no Estado do Rio de Janeiro. Portanto, nosso mandato se coloca como instrumento de fazer essa ponte essa articulação e que tenhamos a garantia de que a política pública chegue aqui na ponta exatamente para fortalecer esses processos”, conclui a deputada.
Também em fala, segundo Alan Brum Pinheiro, Diretor do Raízes em Movimento e Coordenador do Plano de Ação Popular do CPX, a escolha das hortas para as visitas técnicas parte de um processo de agregação, por ser uma pauta que foi construída durante a elaboração do plano de ação popular do CPX na da temática de meio-ambiente.
Trajeto da visita até as hortas selecionadas
Na referência de Anna Santos, Co-Fundadora do Cem Serra da Misericórdia e Alan Brum, a visita foi pautada em cinco espaços agroecológicos: Primeiro no espaço para horta no conjunto da Poesia, liderada por Naty Silva, fundadora do Projeto Resgatando a Inocência, seguido dos espaços para hortas no Morro do Adeus (2 locais), horta de Dona Josefa no Pedra do Sapo, integrante da organização agroecológica Verdejar Socioambiental e fechamento no espaço de agroecologia na Terra Prometida no Complexo da Penha.
Dentre os destaques, três valem o registro: a fala simbólica do morador Thiago Nascimento, sobre sua horta ao lado do Centro de Referência da Juventude do Alemão;
“Eu que cuido disso sozinho, do início ao fim. Era lixo, o povo jogava resto de obra e todo dia eu varria. Sendo que incomoda, tenho uma filha pequena de um ano e três meses. Como ninguém tomava atitude, eu tive que tomar. Desci, fui lá na comlurb, peguei três sacos de lixo, arrumei uma inchada, comecei a limpar, ensaquei e coloquei lá na comlurb para eles levarem. Todo sábado e domingo vou lá na feira da Grota buscar caixotes de madeira de fruta para cercar a horta e ir plantando. ”, concluiu o jovem morador;
A experiência sensacional junto da comitiva deputada e lideranças na horta da Dona Josefa Santos, além da visitação em sua casa contando tanto com uma linda vista, como com a demonstração de seu biodigestor (tem a finalidade de produzir seu próprio gás de cozinha) que fica em sua laje. Sobre a visita em sua horta, Dona Josefa comentou,
“Faço muitas coisas na minha horta, a minha ideia é reciclagem com biodigestor, horta comunitária e tentar melhorar a minha rua organizada e limpa, chamando os moradores para também participarem. Estamos aqui incrementando a horta e dando uma força aos moradores para participar, plantar na rua, nos espaços improdutivos e a gente alavancar esse trabalho. Eu vejo muita potência que a gente pode fazer esse trabalho melhorar, concluiu;
E o diverso espaço agroecológico da Terra Prometida. Este espaço, que faz parte da Penha, segundo Anna Santos, conta com pontos de articulação na comunidade planejados estrategicamente. O espaço Mulheres em Ação, a Casa de Apoio, onde tem um consultório médico que era avançado e virou territorialidade, Marias do Maranhão onde as crianças lancham e mulheres fazem atividades tanto de construção civil, quanto de ervas medicinais. Já o outro é a sede do Cem Serra da Misericórdia, que é o espaço agroecológico que envolve o plantio, a escola popular o galinheiro, aquário e a floresta. A junção destes espaços fortalece a agricultura urbana agroecológica dentro da favela.
O local também conta com uma escola agroecológica que funciona há cerca de três anos e atende 52 crianças no contra turno de segunda a sexta, com aulas de agricultura urbana, leitura, alfabetização, culinária, teatro e música.
Pedro Vinícius Lobo
Jornalista