Desde segunda-feira (23), a Polícia Federal está à frente das investigações para apurar as responsabilidades pela situação dos indígenas. Para Dino, “há fortes indícios de crime de genocídio” diante dos “sofrimentos criminosos impostos aos yanomami”.
A maior terra indígena Yanomami do país em extensão territorial, sofre com a invasão de garimpeiros. A contaminação da terra e da água pelo mercúrio utilizado no garimpo impactam na disponibilidade de alimento nas comunidades.
A situação de contaminação e fome já levou à morte 570 crianças nos últimos anos, durante o governo Bolsonaro. Por isso foi decretada emergência de saúde pública.
O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, se comprometeu a combater as ilegalidades nas terras indígenas e criticou o governo anterior pela desatenção aos povos da região, em entrevista à Agência Brasil.
Lula visitou o hospital e a Casa de Apoio à Saúde Indígena, em Boa Vista, e argumentou que as melhorias podem acontecer a partir de mudanças de comportamento. “Uma das formas de resolver isso é montar o plantão da saúde nas aldeias, para cuidar deles lá. Fica mais fácil a gente transportar dez médicos do que 200 indígenas que estão aqui. Nós queremos mostrar que o SUS é capaz de fazer um trabalho que honra e orgulha o povo brasileiro como fez na pandemia da covida-19”, disse.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara também cobrou responsabilização. “Nós viemos aqui nessa comitiva para constatar essa situação e também tomar todas as medidas cabíveis para a gente resolver esse problema. Precisamos responsabilizar a gestão anterior por ter permitido que essa situação se agravasse ao ponto de chegar aqui e a gente encontrar adultos com peso de criança e crianças numa situação de pele e osso”, disse em entrevista à imprensa.
Além de Dino e Guajajara, integraram a comitiva os ministros da Saúde, Nisia Trindade; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida; Secretaria-Geral da Presidência, Marcio Macêdo; e do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias, além da primeira-dama Janja Silva, entre outras autoridades.
Até o momento, o atual governo se desdobra para combater a crise. O Ministério da Saúde além de abrir inscrições para cadastro voluntário de profissionais que queiram atuar na Terra Yanomami por meio da Força Nacional do SUS, planeja lançar um programa de multivacinação para completar a carteira de imunizantes de centenas de indígenas.
Hoje (24/01/23) a Secretaria de Vigilância em Saúde se reúne com o Centro de Operações de Emergência em Saúde e a Secretaria Especial de Saúde Indígena para definir os detalhes da operação e o início da campanha.
Os agentes de saúde vão mapear todas as vacinas que faltam ser aplicadas em indígenas de diferentes faixas etárias, Em seguida, serão definidas as quantidades a serem transportadas e a equipe de agentes de saúde necessária para o programa de imunização.