O futebol é a paixão do brasileiro e, neste mês das mulheres, o Portal Favelas destaca as equipes femininas que crescem a cada dia no país, aproveitando o momento positivo do esporte. O sonho de ser uma nova Marta, uma atleta como a Formiga está na cabeça de cada jovem que se dispõe a ir a campo e enfrentar os enormes desafios da modalidade.
E o maior de todos é a falta de financiamento e apoio logístico para os times do interior e da várzea.
Este é o caso, por exemplo, do time Corte Oito, de Duque de Caxias. Fundado no início dos anos 90, o Corte Oito incorporou o futebol feminino em 1997 e, desde então, a equipe vem disputando competições na várzea e ganhando títulos como o Campeonato Caxiense, Copa Zico, além de vencer duas vezes a Taça das Favelas, dentre 5 finais disputadas. Na sua galeria de conquistas o feminino do Corte Oito já revelou seis atletas que, atualmente, jogam em clubes da Europa.
Neste mês dedicado às mulheres, trazer um time periférico predominantemente composto por meninas da favela mostra a realidade vivida por essas atletas que sonham em seguir carreira no mundo da bola. É neste momento que elas esbarram com o pouco investimento na modalidade, desde as estruturas de base esportiva, até o profissional.
A equipe do Corte 8 sobrevive da generosidade de terceiros para continuar se mantendo ativa ao longo do ano. E são as próprias meninas e o técnico Carlos Germano que se mobilizam pelo time. E para tornar a situação tem um agravante pelo o recorte de gênero, que fica ainda mais evidenciado quando se aborda a questão da gravidez.
Desde 2021 está em vigor a nova regulamentação da FIFA no item que trata da gravidez de atletas do futebol. As jogadoras passaram a ter seus direitos na maternidade, mas para um clube de várzea a realidade é totalmente diferente. As atletas do Corte 8 procuram se ajudar mutuamente, como no caso da goleira Marcela Rocha de 21 anos, que já teve passagem pelo time do Flamengo. Atuante no time desde seus 14 anos, a excelente goleira falou dos momentos difíceis que viveu no período em que estava grávida e que foi a solidariedade das amigas do clube que ajudaram a superar estes momentos.
Apesar das dificuldades é o coletivo que dá força à equipe, desde o relacionamento das meninas até o técnico Carlos Germano, que está desde o surgimento da modalidade feminina e de Michelle, fundadora do time. Germano falou da importância de promover a comunidade através da equipe do Corte 8, afirmando que “a dificuldade é muito grande, pois existe ainda uma rejeição ao futebol feminino. Mas, felizmente, aos poucos, a aceitação está se tornando realidade” diz ele. O que torna menos difícil é a boa relação com a FUNDEC da região, que cede o campo para treinamento. Mas, para o técnico, a falta de investimento ainda é o problema maior.
– A ausência da Secretaria Municipal de Esporte e lazer e outros setores do Município é grande e seriam fundamentais no desenvolvimento da prática esportiva, disse o técnico
Esta situação das meninas do Corte 8 não é um caso isolado. É uma realidade em todo o país conforme as disparidades Federativas de cada Estado e do esporte de base. Daí nossa homenagem a estas mulheres valorosas que comprovam que, apesar de muito ter se conquistado dentro do futebol feminino e do direito da mulher como um todo, ainda existe um longo caminho a percorrer.