Na última sexta (22), foi celebrado os 20 anos do Espaço Casa Viva, em Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O projeto é ligado a Rede de Empreendimentos Sociais para o Desenvolvimento Socialmente Justo, Democrático e Sustentável – Rede CCAP, e conta com atividades de arte e cultura na favela.
O Espaço Casa Viva é destinado a crianças, jovens e pessoas moradoras da comunidade de Manguinhos. Com oficinas de educação, arte e cultura, sua proposta é oferecer atividades complementares para ajudar no desenvolvimento, raciocínio e memória através da música, pintura, canto e demais atividades artísticas.
O evento contou com a presença do grupo “Samba que elas querem”, e também com atrações formadas pelo Espaço, como: a exposição da Oficina Portinari – A arte de ver Manguinhos olhar da esperança, e apresentação e do Grupo Música na Calçada.
Elizabeth Campos, coordenadora do projeto destaca a importância da casa para a formação cultural das crianças e adolescentes da favela. De acordo com ela, o Grupo Música na Calçada é o primeiro resultado das ações do Casa Viva:
“A gente achou importante mostrar para a comunidade o resultado daquelas oficinas daquelas atividades. Foi aquela questão: como que a gente chama o grupo? Então a gente vai colocar a música na rua, então surgiu a música na calçada e assim foi a primeira apresentação lá em 2004. Foi numa feira, na feira de domingo da comunidade, onde colocou os alunos do projeto tocando pixinguinha e isso foi uma novidade porque na época, era época dos pagodes e dos funks, então muitos dos nossos alunos queriam informações para poderem tocar os pagodes. A gente falou: Então tá bom a gente passa a formação da música a partir do momento que você começa a tocar chorinho, então a primeira identidade do música na calçada foi o chorinho. Pixinguinha e cartola faziam parte do nosso repertório”, destacou.
O espaço com 20 anos de existência é uma segunda casa para muitos de seus alunos e ex-alunos que fazem questão de marcar presença e participar de forma coletiva das atividades. É o caso de Alexandre Magalhães, estudante de produção cultural do IFRJ Nilópolis, mas que teve seus primeiros contatos com cultura e arte na Casa Viva em 2010:
“Eu comecei na oficina Portinari, que são aulas de arte de desenho e pintura, mas muito além disso são aulas de liberdade, de expressão artística. Lá[no espaço] eu comecei a ter um olhar diferente de manguinhos. A gente tinha um projeto chamado ‘arte de ver manguinhos’ com um outro olhar para o lugar onde a gente morava.” disse Alexandre.
Lucas Sena, estudante de Produção Fonográfica e músico da banda do exército, é pianista e trombonista, aprendeu e desenvolveu sua profissão no Casa Viva. Ele que entrou nas aulas de música há 16 anos, relata que passava por um momento difícil na época com a separação dos pais e que o espaço foi fundamental para sua vida.
“O Casa Viva não é só um lugar de cultura, não é só um lugar de inclusão social, mas um lugar de amor… Eu descobri que a música abaixo de Deus e da minha família é o que eu mais amo, então o Casa Viva me resgatou” destacou Lucas
O Espaço Casa Viva é um empreendimento social da Rede CCAP, e tem a ONG italiana Cooperazione Sviluppo (Cesvi) como seu principal financiador, além do apoio da Fundação Oswaldo Cruz e parceria com a UFRJ.
Vinícius Ribeiro
Jornalista